Demorei bastante pra postar sobre isso porque estava digerindo a informação, ou pelo menos tentando.
Já não é novidade a falta de condições mínimas nos hospitais públicos no país.Erros de médicos, enfermeiros, falta de leitos, ou de medicação já levaram milhares de pessoas a óbito. Essa criança foi apenas mais uma entre tantos, mas para a sua família ela não é só uma estatística, um número.
A notícia da menina que foi morta por um erro grosseiro, a troca de soro por vaselina é de conhecimento geral. E confesso que fiquei pessoalmente chocada com isso, talvez porque tenha algum contato com a área de saúde, e embora seja leiga, sei que há diferença visível entre as medicações. Apesar de ambos serem transparentes e numa foto parecerem idênticos, a olho nu é muito clara a diferença dada a viscosidade da vaselina que parece um óleo e é usado como lubrificante, e o soro que se parece com água.
Entendo que essa enfermeira deveria estar com uma sobrecarga imensa e que tanto a vaselina quanto o soro estavam em recipientes idênticos, e que ainda segundo ela a vaselina estava no armário dos soros quando deveria estar em outro lugar, mas o que poucas pessoas não se deram conta é que qualquer pessoa alfabetizada teria descoberto o erro, bastava ler o rótulo da medicação. É isso que mais me espanta nesse caso, os pacientes estavam sendo tratados de modo tão impessoal e automático que não eram dignos sequer de uma atenção mínima como ler o rótulo de uma medicação.
Agora pense se uma infusão de soro gerou um erro tamanho, imagine o que não podia acontecer com uma medicação fora do prazo de validade, um material cirúrgico mal esterilizado... Eu não culpo só a auxiliar de enfermagem que errou, é claro que ela tem a parcela de culpa dela, mas talvez isso não teria ocorrido se ela não estivesse tão sobrecarregada, ou se fosse melhor instruída durante sua formação. Bem a fatalidade já aconteceu, não há mais (humanamente falando) o que ser feito, mas está na hora de nós acordarmos e exigirmos que os doentes sejam tratados como gente, como uma pessoa que tem família, história, e não como um número, um dado, algo que pode ser facilmente descartado, esquecido. Só assim será possível dar alguma qualidade a saúde pública, afinal é de vidas que estamos tratando.
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